Tudo junto e misturado


quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O NAVIO E BARCO

Do blog Caderno de Rscunhos

(Às populações tradicionais que ainda resistem ao avanço do Capitalismo)


“Sai da frente, companheiro


Sai, porque vou atracar”

Disse o navio estrangeiro

Para o pequeno pesqueiro

Que parou bem no lugar

  “Mas cheguei aqui primeiro

Inda estou a carregar”

Disse o barco ao forasteiro

Mas o navio graneleiro

Mesmo assim não quis parar


“O que o leva de importante

Para vir me atrapalhar?

Pois agora neste instante

Eu espero tal montante

Que não posso lhe esperar”

  “Tralhas para pescaria

Isca, linha, rede, anzol

Nunca tive mordomia

É o que levo todo dia

Faça chuva ou faça sol”

  “Se você vai todo dia

Um que seja não faz falta

Ninguém mesmo notaria

Diferença nem faria

Noutro dia você volta”


“Diferença há de fazer

Aos filhos do pescador

Que precisam de comer

E a rotina tem que ser

Todo dia sim senhor”


E o debate se alongava

Sem ninguém se entender

Mas o navio avançava

E bem perto já chegava

Quase a ponto de bater


“Ao progresso vou avante!”

O navio assim bradou

E seguiu mesmo adiante

Que o pesqueiro num instante

Foi quebrando e se afundou

  Depois disso o pescador

Disse: “Deus fez a vontade”.

E foi como um pecador

A sofrer a sua dor

Com a cruz lá na cidade


Isso é fato corriqueiro

Que os pequenos fiquem mal

Como a sina do cordeiro

Foi o lobo do pesqueiro

O poder do capital

Um comentário:

  1. Oh… rsrs

    Valeu, amigo. Valeu pela força.

    Essa fábula retrata o tempo cíclico das populações tradicionais e oposição ao tempo irreversível das grandes cidades e discute, de certa forma, a técnica desses dois “tipos ideais”.

    Fala também da ideia do “desenvolvimento” e da miséria que ele arrasta atrás de si.

    Ela foi escrita a partir do capítulo XXIV do Capital, de Marx (Acumulação Primitiva de Capital)…

    O final, um pouco triste, vem daquela fábula famosa do Fedro que o La Fontaine tornou conhecida: O Lobo e o Cordeiro.

    Abs.

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Esses videos mostram como se faz necessário a saída do sapo barbudo analfabeto e ignorante, para a entrada de alguém culto e versado em todos os assuntos.
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