Do blog da cidadania - Por Eduardo Guimarães
Nos mais de 1300 dias decorridos desde a segunda posse de Lula na Presidência, cada um deles foi dedicado pela mídia (Globo, Folha, Veja, Estadão e ramificações) à destruição da imagem de seu governo, com uma sucessão de campanhas acusatórias nos veículos de comunicação supra mencionados, compreendidos por televisões, rádios, jornais, revistas e portais de internet.
Uma busca no Google das palavras “Dilma, governo Lula, dossiê, FHC”, por exemplo, redunda em 603 mil resultados. Essas palavras remetem ao pseudo dossiê que o PT teria feito sobre os gastos de FHC com despesas da família presidencial durante o governo tucano.
O leitor pode escolher qualquer um dos muitos escândalos forjados e alardeados pela mídia desde que Lula chegou à Presidência e usar palavras-chaves do assunto para buscar no Google que encontrará centenas de milhares de matérias da grande mídia, todas elas dando de barato que Lula, Dilma ou o PT eram realmente culpados.
Como se não fosse suficiente, neste ano passaram até a falsificar pesquisas eleitorais para tentar eleger José Serra, que, desde que disputou a eleição presidencial de 2002 com Lula, converteu-se em um novo Fernando Henrique Cardoso, o político que, antes de Serra, foi o que teve mais meios de comunicação a seu serviço desde que decidiu disputar a Presidência da República em 1994.
O governo FHC foi uma época de escuridão da democracia brasileira. Ao poder do Estado, somou-se o Quarto Poder, o poder discricionário de uma imprensa que criava crises ininterruptas para os adversários do PSDB, estivesse o partido no governo ou na oposição.
Esse fenômeno foi desencadeado pela anomalia que, em pleno século XXI, mantém o Brasil como o sétimo país mais desigual em um mundo com cerca de duas centenas de Estados soberanos. É o fenômeno pelo qual uma elite de ascendência indo-européia se tornou dona de pelo menos 30% do PIB. Uma elite que não congrega mais do que cinco mil famílias, conforme detectou o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Ipea.
Esse poder de uma elite étnica e geográfica ganhou nova roupagem a partir de meados do século XX graças ao fenômeno da comunicação de massas, que, diante da inevitabilidade da democracia, permitiu àquelas elites direcionarem o voto popular.
Esse processo de utilização da imprensa como arma da aristocracia dominante para eleger governos submissos chegou ao ápice em 1964, com um golpe militar forjado nas páginas dos mesmos Globos, Folhas, Vejas e Estadões já mencionados. Golpistas e imprensa atuaram em absoluta consonância para destituir um governo legitimamente eleito e implantarem uma ditadura de vinte anos no Brasil.
No pós-redemocratização, a partir de 1989, com a primeira eleição legítima para presidente da República em mais de duas décadas, o poder midiático novamente continuou elegendo seus candidatos até 1998, quando o candidato de plantão da elite indo-européia, Fernando Henrique Cardoso, praticou um dos maiores estelionatos eleitorais da história, que, inclusive, quatro anos depois sepultou o poder daquela elite de eleger governos nacionais.
FHC elegeu-se em 1998 prometendo manter o dólar valendo cerca de R$ 1,20 e pregando que, se Lula vencesse, desvalorizaria uma moeda que já não valia mais nada em meio a um processo de destruição econômica do país, o qual o mesmo FHC endividaria até o pescoço com o FMI, o Clube de Paris e o governo americano no ano seguinte.
A mídia supra descrita passou 1998 inteiro referendando o discurso tucano e fustigando a oposição petista. Inventaram mais um escândalo para Lula, referente a propina que teria recebido na forma de um automóvel Ômega, e pregando que sua eleição traria de volta uma inflação que já voltava sozinha por conta da débâcle econômica do país.
Ao fim do segundo governo tucano, a população assistiu, bestificada, a uma mídia que se calava enquanto o país, além da crise econômica, mergulhava em um racionamento de energia draconiano que multiplicou várias vezes as contas de luz e fez indústrias irem à beira da falência por falta de energia para produzir.
A partir dali, a mídia perdeu o poder de conduzir o eleitorado como gado. Passou 2002 inteiro repercutindo o discurso do medo de José Serra, com George Soros dizendo que era “Serra ou o caos” e tudo mais, mas o povo deu uma descomunal banana para Globos, Folhas, Vejas, Estadões e penduricalhos e elegeu o primeiro presidente oriundo do operariado.
Ocorre que esse poder aristocrático formado pela promiscuidade entre a elite indo-européia, a imprensa e o Estado acabou sofrendo uma sangria de recursos muito grande a partir da eleição de Lula. FHC doou aos grupos de comunicação já mencionados parte da roubalheira da privataria tucana nas comunicações e lhes entregava verbas públicas à farta. Lula pôs um freio no escândalo.
De 500 veículos de comunicação que dividiam toda a descomunal verba de publicidade oficial até 2002, hoje essas verbas são distribuídas a mais de cinco mil veículos – e acho que esse número pode estar defasado. Diante disso, a mídia que descrevi desencadeou uma guerra contra o governo Lula e, depois, contra a sua candidata a sucedê-lo.
Também porque a mídia precisa ter o que vender aos políticos de direita – se não tiver poder para influir nos processos eleitorais, não terá como barganhar para que o governo de São Paulo, por exemplo, compre milhares de assinaturas de uma Folha ou de um Estadão ou os livros escolares de geografia com mapas contendo dois Paraguais como os que a Veja editou e vendeu a Serra nos últimos anos, durante o seu mandato de governador.
Pela terceira vez no século XXI, Globos, Folhas, Vejas e Estadões vão perdendo uma eleição presidencial junto com um seu candidato tucano. Aliás, a preocupação com essa enorme derrota já está produzindo efeito. Com exceção da Globo, que continua tentando eleger Serra, os outros parecem estar desembarcando de sua candidatura como se nunca a tivessem integrado.
Tudo junto e misturado
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
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José Serra, os porquinhos e a matemática.
Esses videos mostram como se faz necessário a saída do sapo barbudo analfabeto e ignorante, para a entrada de alguém culto e versado em todos os assuntos.
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