Tudo junto e misturado


sábado, 3 de outubro de 2009

ÚLTIMO INSTANTE

Quero morrer ao declinar do dia.

Em alto-mar, quando vem vindo a treva;

Lá me parecerá sonho a agonia,

E a alma uma ave que nos céus se eleva.



Não ouvir nos meus últimos instantes,

A sós com o mar e o céu, humanas mágoas,

Nem mais vozes e preces soluçantes,

Senão o grave retumbar das águas.



Morrer quando, ao crepúsculo, retira

A luz as áureas redes da onda verde,

E ser como esse sol que lento expira:

Algo de luminoso que se perde.



Morrer, e antes que o tempo me destrua

Da mocidade a esplêndida coroa;

Quando inda a vida ouço dizer: sou tua.

Saiba eu embora que nos atraiçoa.


MANUEL GUTIÉRREZ NÁJERA

Tradução de
Manuel Bandeira

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José Serra, os porquinhos e a matemática.

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