Tudo junto e misturado


quarta-feira, 28 de abril de 2010

A resposta que vem do passado

Outro dia , tentando fazer um agrado à Aécio Neves, Serra disse que pretende acabar com a reeleição, ou seja, quer novamente mudar a regra que eles mesmos outrora impuseram.
Relendo uns artigos antigos, para ver o que era dito em anos anteriores, o que acho interessante pois encontra-se cada pérola, encontrei um artigo de Fernando Rodrigues publicado na Folha em 31/12/2008 que trata do tema e responde bem, a meu ver, as pretensas intençõs de José Serra.

Democracia em construção Fernando Rodrigues

BRASÍLIA - Daqui a exatos dois anos, em 31 de dezembro de 2010, Lula estará se preparando para deixar o Palácio do Planalto. No dia seguinte, tomará posse um novo (ou nova) presidente da República.

A cena pode parecer banal, mas estará ocorrendo apenas pela segunda vez desde a ruptura da ordem democrática produzida pela ditadura militar (1964-1985).

Depois de Juscelino Kubitschek dar posse a Jânio Quadros, em 1961, o primeiro presidente eleito pelo voto direto a entregar o lugar ao sucessor escolhido da mesma forma foi FHC. O tucano cumpriu seus mandatos e passou a cadeira a Lula em 1º de janeiro de 2003.

Agora, daqui a dois anos, Lula será o segundo presidente a seguir o mesmo ritual. Ajudará a consolidar a democracia brasileira, cuja pior característica tem sido a inconstância nas regras.

O mandato presidencial começou com seis anos para José Sarney, eleito de forma indireta em 1985. A Constituinte de 1988 reduziu o período para cinco anos. Fernando Collor ganhou a disputa em 1989, mas sofreu um impeachment no meio do caminho. Itamar Franco fez um mandato tampão.

FHC, em 1994, ganhou para ficar apenas quatro anos, mas mudou a Constituição para ter direito a uma reeleição. A rigor, só Lula terá começado e terminado seus mandatos dentro do mesmo sistema. Essa instabilidade de regras é ruim para um país interessado em desempenhar um papel de protagonista no cenário internacional. A previsibilidade e a estabilidade das normas eleitorais são o maior predicado de uma democracia madura.

Agora, voam pelos céus de Brasília idéias esdrúxulas para aumentar os mandatos para cinco anos e acabar com a reeleição, entre outras propostas. Se nada disso prosperar, o Brasil agradecerá.

Que 2009 nos seja leve.


Se você também gosta de reler artigos antigos para ver os erros que os comentaristas cometem, você pode encontrar uma enorme reunião de artigos de vários jornais e revistas, novos e antigos, aqui.

Um comentário:

  1. Acredito que Collor foi eleito de forma direta pelo povo, o que inclui seu vice na época, Itamar Franco. Portanto, quando Itamar passou o cargo a FHC, essa foi a primeira vez que um presidente eleito diretamente entregava a faixa a outro eleito da mesma forma.
    Não vejo motivos para se mudarem as regras da reeleição, aliás essa é a opinião de FHC. Serra sempre foi contrário a essa instituição, mas foi voto vencido dentro do partido. Creio que caberá ao Congresso a palavra final, e não creio que uma nova mudança de regras poderá ocorrer.

    ResponderExcluir

José Serra, os porquinhos e a matemática.

Esses videos mostram como se faz necessário a saída do sapo barbudo analfabeto e ignorante, para a entrada de alguém culto e versado em todos os assuntos.

Arquivo do blog

Contador de visita

Não é novela mas se quiser seguir fique a vontade